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“Abous” merecem estar livres


Na semana passada as autoridades espanholas concederam um visto de permanência de um ano à criança africana, que havia sido encontrada dentro de uma mala de viagem. O visto temporário foi feito em "circunstâncias extraordinárias" pela Secretaria de Estado de Imigração.

A imigração espanhola encontrou o garoto Abou (8anos), da Costa do Marfim, dentro de uma mala. O menino foi identificado pelo equipamento de Raio X, no enclave espanhol ao norte do Marrocos. Uma jovem mulher (19anos) transportava-o. Ali Outara o pai do menino, declarou à Justiça que buscava trazer o filho de maneira legal. Porém não foi possível pois seu salário foi considerado insuficiente. O pai contratou para que trouxessem o menino, mas não sabia que seria transportado numa mala. O pai e a jovem mulher foram detidos.

Independente de regras e da legislação internacional nos causa um impacto muito grande olhar a cena de um menino numa mala. Atingimos o terceiro milênio da era Cristã, mas continuamos tratando crianças e imigrantes de uma maneira sub-humana. Sabemos que os países necessitam de leis que regulem o fluxo migratório, afim de oferecer condições de vida para sua população local. Entretanto nenhuma lei pode prescindir de considerar as relações afetivas que envolvem laços familiares ou de sensibilizar-se com o apelo de países que maltratam seus filhos seja por guerra, perseguição política ou acidentes naturais.

A comunidade internacional através de seus órgãos internacionais que expressam o avanço do homem em considerar a cidadania do Planeta Terra como condição maior antecipando-se as nacionalidades regionais; estes órgãos internacionais são o alvorecer de uma nova sociedade planetária que considerará toda vida com direito supremo de ser vivida. No futuro será inadmissível, independente do argumento legal, entender que uma criança tenha que nascer numa manjedoura ou ser transportada numa mala. Que um homem tenha de viver de maneira não humana, sem ter as condições essências para uma vida digna. Que estas cenas de pessoas confinadas numa mala ou em embarcações improvisadas sejam abolidas de nosso mundo e que a compreensão, bem como o calor do acolhimento se tornem valores inspiradores das políticas de relações internacionais.

Alexandre Rivero é psicólogo clínico, mestre em psicologia pela USP, professor universitário e diretor do Consultório de Psicologia e Ressignificação Humana

www.facebook.com/riveroalexandre

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